Como é feita a prova do Enem, segundo o Inep

Questões são elaboradas em processos independentes e guardadas em um 'catálogo' para serem usadas na montagem das provas do exame.

Ao contrário dos demais vestibulares, as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não são elaboradas todas por uma mesma equipe no período de elaboração anual das provas: cada questão passa por um processo longo de elaboração, revisão e calibragem até ser aprovada como uma possível pergunta do exame.

Na noite de domingo (11), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou detalhes sobre esse processo, que envolve questões pedagógicas, estatísticas e de segurança.

A divulgação aconteceu após uma polêmica envolvendo uma questão da prova do primeiro dia do Enem 2018. A questão, que apareceu na prova de linguagens e falava sobre o conceito de dialeto, também foi criticada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro, que disse que, em 2019, vai ‘tomar conhecimento da prova antes’.

TRI, a Teoria de Resposta ao Item

Desde 2009, quando se transformou em um exame para ser usado como acesso ao ensino superior, o Enem adotou a metodologia da Teoria de Resposta ao Item (TRI). Essa metodologia exige que cada questão atenda a uma série de parâmetros, e também estabelece outros critérios para a seleção das questões que vão compor a prova.

Entre os critérios está o equilíbrio de questões fáceis, médias e difíceis, por exemplo, e se o conjunto de questões aborda as habilidades exigidas na matriz de referência do Enem, que é o “currículo” que os estudantes precisam aprender para o exame.

Banco Nacional de Itens

As questões podem ficar armazenadas às vezes por anos até serem selecionadas – elas aparecem na prova quando se encaixam dentro desse conjunto de critérios.

Segundo o Inep, a elaboração de uma única questão do Enem passa por um processo com dez etapas diferentes, que pode levar mais de um ano. Essas etapas incluem:

  • A contratação e capacitação de professores para elaborarem as questões,
  • Pelo menos duas revisões da questão por especialistas,
  • O “pré-teste” das questões em uma amostra de estudantes com o perfil dos candidatos do Enem
  • Uma análise pedagógica para definir se a questão pode finalmente ser incluída no Banco Nacional de Itens (BNI)

Sala segura em Brasília

Uma vez no BNI, a questão fica à disposição para ser usada em alguma edição do Enem. Esse armazenamento acontece em uma sala segura no prédio do Inep em Brasília. A entrada no local é restrita e, para acessá-lo, é necessário passar por diversos procedimentos de segurança e assinar um termo de sigilo.

Na hora da montagem da prova, a pequena equipe de servidores do Inep que faz o trabalho de seleção das questões precisa escolher 45 itens de cada prova objetiva seguindo um equilíbrio entre a pedagogia – já que a prova precisa avaliar uma grande quantidade de conhecimentos – e a estatística – já que a prova também precisa ter um número similar de questões fáceis, médias e difíceis para poder selecionar adequadamente os candidatos.

Três versões de prova por ano

Todos os anos, uma pequena equipe de servidores do Inep monta três versões das quatro provas objetivas: duas delas são aplicadas todos os anos, na edição regular e no Enem PPL, para pessoas privadas de liberdade. Uma terceira fica como “reserva”, para o caso de algum imprevisto ou emergência.

Fonte: G1

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