HRCC Prepara Funcionários para Captação de órgãos

Entrevista com Silvana Batista – Enfermeira e coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC).

O Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC), em Ilhéus, vai se integrar à rede de doação de órgãos e tecidos para transplantes. Profissionais da unidade estão sendo habilitados para integrarem a Comissão que vai atuar nos casos em que forem identificados potenciais doadores, sensibilizando as famílias para que a doação ocorra. O Aqui No Guia, convidou a enfermeira responsável por essa habilitação para nos contar um pouco de como se dá essa preparação dos profissionais e como está o cenário de doações na região.

 

Silvana, primeiramente gostaríamos de saber como foi essa implantação da CIHDOTT para o Hospital Regional Costa do Cacau. Qual foi o objetivo de trazer este novo setor?

SB – A diretoria do hospital, sensibilizada com o cenário de doações na região, resolveu implantar este setor também aqui no hospital a fim de contribuir não só com a doação de órgãos como também com o acolhimento familiar na instituição. O objetivo como mencionado, é oferecer um melhor acolhimento às famílias que perderem seus entes queridos e ainda assim salvar outras vidas de quem ainda está à espera de um ato de amor que é a doação.

Como está sendo a preparação dos profissionais que atuarão com as doações? Como é feita essa orientação?

SB – Todos os funcionários estão sendo orientados à sensibilização da causa. Essa orientação é baseada na preparação profissional acerca do conhecimento em torno da doação de órgãos, para então estarem contribuindo na sensibilização e tirando as duvidas pendentes de pacientes e familiares que queiram saber um pouco mais de como se da esse processo de doação.

Quais são os principais obstáculos enfrentados atualmente no que se refere ao aumento no número de doadores?

SB – Muitas vezes o principal obstáculo é a falta de informação sobre o processo de doação. A falta de conhecimento dos familiares quanto ao desejo em vida do ente então falecido de ser um doador, pois, antigamente ainda existia uma documentação provando esse desejo da pessoa de ser um doador de órgãos, mas hoje em dia, essa autorização não é mais necessária, ou seja, cabe a decisão inteiramente familiar. Nós orientamos todas as pessoas que queiram se tornar doadores a sempre avisar seus familiares sobre esse ato de compaixão.

Como é feito o contato com a família?

SB – Este é um dos momentos mais delicados, pois acontece sempre em um momento de luto, onde a família está muito sensibilizada com a morte do ente querido, a equipe é orientada primeiramente à acolher esta família e explicar como se da o processo de doação e o quanto é importante para salvar a vida de outro ser humano.

Como a pessoa pode se tornar um futuro doador? Quais pré-requisitos?

SB – Além claro, de avisar aos familiares há algumas contraindicações e não pré-requisitos.  A exemplo da doação de córneas, o paciente não pode ter mais de 70 anos, pois essa idade é considerada avançada para doação deste tecido humano em específico. Para demais outros órgãos é preciso verificar a condição clinica deste doador.

Quais são os órgãos que mais carecem de doação na nossa região e qual o tipo de doação que tem se destacado?

SB – A lista é bem vasta para diversos órgãos, podemos dizer que hoje na Bahia coração, pulmão e fígado são os mais carente, porém todos os órgãos são de extrema importância para doação, independente de qual é mais carente ou não. Hoje em dia, na nossa região, principalmente destacando-se a atuação das CIHDOTTS regionais, e à Organização de Procura de Órgãos do Município (OPO SUL) estamos conseguindo destacar nossa cidade no número de doações de córneas.

No ranking estadual como está o cenário de doações de Itabuna/Ilhéus?

SB – Atualmente a (OPO SUL) que corresponde a captação principalmente na região sul baiana, encontra-se no terceiro lugar no ranking estadual de captação de córneas.

Qual a mensagem final você gostaria de deixar para os nossos leitores que se sensibilizarem pela causa?

SB – Eu sempre costumo dizer que o ato da doação é a maior ação de amor e compaixão para  com o próximo, independente de cor, raça, cultura, somos todos iguais e hoje pode ser um desconhecido que precisa desse ato de amor, amanha pode ser um ente querido ou ate você mesmo. Então eu acredito que não deve existir mais o pre conceito quanto a doação, o conhecimento sobre esse ato é de fundamental importância para que não haja opiniões equivocadas. O que será sempre valido é o ato grandioso e nobre de poder contribuir e ajudar na vida de outrem. Se você quer se tornar um doador, não se esqueça, avise a sua família, só ela tem o poder de tomar essa decisão.

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