Entrevista com o Frei Genilton sobre o novenário de Santa Rita de Cássia

O novenário começou desde o dia 13 e vai até o dia 22 de Maio. Este ano celebra o Jubileu de ouro na paróquia Santa Rita de Cássia, localizada no bairro São Caetano em Itabuna.

O novenário de Santa Rita de Cássia tem como tema deste ano: “Santa Rita inspirando os cristãos leigos e leigas a serem sal da terra e luz do mundo.” A Santa Rita – a qual da nome e é padroeira da paróquia situada no bairro São Caetano em Itabuna – é uma das santas mais queridas e que atrai devotos na cidade e região, principalmente nesta época em que acontece seu novenário. O Aqui No Guia convidou o Frei Genilton, pároco da paroquia Santa Rita, para falar um pouco mais do evento e da sua relevância para a cidade.

Frei Genilton, gostaríamos que falasse um pouco mais do tema do novenário deste ano e o porquê dessa escolha.

FG – O tema do novenário nós extraímos do documento 105 da CNBB (Conferencia Nacional Dos Bispos do Brasil), que fala sobre os cristãos leigos na sociedade. A CNBB tem visto esse tema com muita importância, pois desde o Conselho Vaticano II até o momento, se reflete muito sobre o papel da igreja, dos leigos na evangelização, o papel do leigo como protagonista da missionaridade. É um tema de muita relevância da igreja, da CNBB, nós trouxemos esse tema para o novenário, para que durante todas as noites os palestrantes possam refletir sobre a importância do leigo na igreja e na sociedade.

 

Qual a relevância deste evento para o público católico e para a cidade?

FG – Esse é um evento de grande magnitude porque tem uma relevância muito grande do ponto de vista espiritual. Eu sempre digo que o novenário de Santa Rita é um grande retiro espiritual e esse retiro espiritual atinge a alma das pessoas, principalmente os devotos de Santa Rita de Cássia. Santa Rita de Cássia é uma santa que tem um número muito expressivo de devotos aqui em Itabuna. Imaginemos 9 noites refletindo sobre o tema a importância dos leigos cristãos, leigos e leigas na vida da igreja e de que sempre tendo como alicerce, como base a espiritualidade, o evangelho que é pra todo mundo e a mística de Santa Rita. Santa Rita que foi aquela santa que pautou toda a sua vida no evangelho, na entrega absoluta nos braços de Deus e é isso que a Igreja Santa Rita está propondo: nos voltarmos para o senhor, para Deus e buscarmos força e coragem para enfrentar os dramas da própria vida.

 

Há quantos anos o novenário é celebrado na cidade?

FG – É uma pergunta muito interessante porque desde a época do Frei Joaquim Cameli, são 50 anos, e estamos fazendo justamente o Jubileu de ouro que são exatamente 50 anos e é uma linguagem eclesiástica, nós chamamos de Jubileu de ouro. Há 50 anos, o nosso querido Frei Joaquim Cameli já fazia esse novenário e isso teve uma repercussão muito grande pois o Frei Joaquim tinha uma influencia muito grande na sociedade. Por exemplo, o Frei Joaquim foi capelão da CEPLAC, foi capelão de hospitais como o Hospital Manoel Novaes, o Santa Cruz, São Lucas. Além disso, a pessoa dele tinha uma grande repercussão enquanto uma grande liderança nessa região, celebrava nas comunidades afora, nas fazendas, no povo, ele tinha um bom relacionamento e só para você ter uma ideia, esse novenário é tão antigo que tem sua nascitura na fundação em 1968 e estamos em 2018, logo, 50 anos. Ele chegou a conseguir helicóptero e enchia de pétalas de flores e quando a procissão ia passando, o helicóptero despejava, era a coisa mais linda do mundo ele me contando sobre o povo e sobre a imagem de Santa Rita naquela procissão imensa, ou seja, a cidade sempre parou diante do novenário de Santa Rita e temos como uma grande figura que fez tudo isso e nós devemos muito a ele, é o nosso querido frei Joaquim Cameli.

 

Quais serão as celebrações e atividades principais a serem realizadas neste novenário?

FG – Olha, foram todas importantes porque desde o dia 12 nós preparamos a benção do monumento do Frei Joaquim que foi celebrada pelo dom Carlos Alberto que é o bispo da diocese de Itabuna. Então praticamente formamos 10 noites e não um novenário (risos). Na terça-feira, começamos a abertura com o bispo de Ilhéus que foi no dia 13, no domingo, e até hoje são celebrações assim, todas importantes, é até difícil dizer qual é a mais importante, qual é a mais atrativa, cada palestrante tem o seu modo próprio de expor um tema, de atrair um público, uns são mais abertos, mais dinâmicos, outros são mais de repassar o conteúdo, mas sinceramente, todas as celebrações têm sido de muita importância, de muita atração para o nosso povo e tem deixado sempre mensagens de fé, de esperança, e é isso que o nosso povo quer.

 

Sabemos inclusive, que uma das principais atividades foi justamente essa inauguração do monumento em homenagem ao Frei Joaquim Cameli. Qual seu sentimento em relação a esta homenagem ao saudoso Frei Joaquim?

FG – É um sentimento de missão cumprida porque vejo o Frei Joaquim Cameli como uma figura ímpar, essas figuras como frei Joaquim são figuras que são difíceis de serem repetidas, são figuras carismáticas que tem uma visão da igreja, de mundo, totalmente diferente, eles estão além do seu tempo. Então o meu sentimento, primeiro é um sentimento de missão cumprida, de ter conseguido fazer este monumento, essa estátua do Frei Joaquim, eu fico muito feliz e depois meu sentimento é que a figura do Frei Joaquim se eternize na memoria deste povo, na historia desde povo de Itabuna. O Frei Joaquim foi sepultado dentro da Igreja e acredito que nós estamos diante de uma figura que só soube fazer o bem e além disso, é um santo, é um apóstolo de cristo, missionário, que não media esforços para trabalhar, não tinha hora de levantar, não tinha hora de dormir, ele viveu para servir a igreja, a sociedade, ninguém batia na porta para não ser atendido – que fosse do ponto de vista da eucaristia –, todos eram muito bem atendidos, nunca deixou de celebrar a santa missa, se alimentava do corpo e sangue de cristo . Então Frei Joaquim se tornou um porto seguro do ponto de vista espiritual, psicológico, do nosso povo, e é um sentimento de gratidão, de amor, de alegria. Eu acredito que Frei Joaquim está no céu intercedendo por nós, esse é o sentimento que eu tenho por uma pessoa extremamente carismática, extremamente aberta para o novo. O Frei morreu com 87 anos, mas parecia um jovem, tudo que se comentava a respeito da atualidade Frei Joaquim estava por dentro, ele não tinha nenhuma objeção de retrucar como se estivesse ignorando, não, ele dava risada quando ele não compreendia bem as coisas, ele dizia assim: “ me explica melhor isso” e quando a gente explicava, ele respondia “é exatamente isso, eu sempre pensei nisso”. Então foi uma figura muito boa, muito inteligente, eu vejo frei Joaquim como aquela pessoa além do seu tempo, uma mente brilhante. Quem conviveu com o Frei Joaquim percebia que ele tinha uma mente privilegiada, uma mente que estava acima do normal.

 

Por fim, faça um convite aos nossos leitores e deixe também uma mensagem motivacional.

FG – A mensagem que eu deixo é que o povo de deus continue participando da igreja, que o povo de deus continue se atualizando e a nossa atualização por mais rica que seja, tem que ter uma mística por trás, tem que ter uma espiritualidade por trás,  a espiritualidade humaniza,  capacita a pessoa até para um mundo de competitividade, de atritos, de problemas que ferem a moral, a ética, fere a dignidade da pessoa humana. Uma pessoa que tem Deus na vida procura sempre fazer o bem, ela discorda de quem quer que seja, mas ela tem um jeito peculiar de discordar e ao mesmo tempo ela da sugestões que sejam com palavras, que para mim as melhores sugestões nem sempre são àquelas que nós falamos, que nós discutimos, mas o exemplo de vida, a conduta, e eu quero concluir lembrando uma frase muito bonita de são Francisco. São Francisco disse assim: “anuncie o evangelho se necessário for, você fale, mas se anuncia o evangelho com nosso jeito de ser.” Ou seja, tratando bem as pessoas, reconhecendo os talentos do outro, nunca tentando apagar, nunca tentando eliminar essa chama que cada um tem. Infelizmente a sociedade é assim, ela quer diminuir o outro, para crescer em cima do cadáver do outro, isso é um crime, isso é um pecado quebrado aos céus, então para o meu crescimento não preciso querer esmagar o outro, o meu crescimento é no senhor, é a partir do evangelho, é em oração, é a partir dos meus retiros espirituais. Então isso que eu quero deixar para o povo de Deus, essa mensagem, que essa competitividade é própria de quem não tem Deus no coração.

 

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